Será que ninguém me entende? (Assertividade)

Quantas e quantas vezes já nos fizemos essa pergunta?

Parece que todos à nossa volta estão preocupados com nossa vida, com o que faremos, como faremos, quando faremos, com quem faremos, etc. Ou pior, às vezes parece que todos estão julgando aquilo que fizemos, ou o modo como fizemos, ou o momento, ou com quem estávamos quando fizemos... Enfim, quando não estamos enfrentando a multidão de sábios ou videntes, estamos enfrentando os juízes e advogados. Rs... Eu não sei até que ponto isso é bom ou ruim. Na minha opinião, o julgamento nunca é bom, mas entendo que há uma tendência natural em julgarmos. Creio ser por isso que Jesus nos alertou sobre os perigos de julgar aos outros. De encontro a isso, creio que, como está escrito, "na multidão dos conselhos reside a sabedoria.". Pois, bem. Entretanto, ainda que seja algo bom para nós, raramente é algo agradável. A verdade é que sentimos frequentemente que não somos compreendidos, ou, então, nos sentimos julgados. O peso de termos vários olhos sobre nós não parece ajudar muito nos momentos de decisão. A verdade é que, exceto Deus, nunca haverá alguém que compreenderá com perfeição o que estamos sentindo com relação a vida como um todo, ou a alguma vertente em especial. Nada tem a mesma importância para duas pessoas simultaneamente nesse mundo. A dor de uma pessoa é diferente da dor da outra pessoa. A felicidade de uma pessoa está em coisas diferentes do que está para outra pessoa. Vivemos coisas diferentes e sentimos cada uma delas de forma diferente. Quer um exemplo simples? 


Quatro homens sentados na areia, olhando para o mar e com os pés descalços, molhados de segundos em segundos pela água que vem com a onda... Um deles está ali porque tirou férias e em todas as férias vai para a praia. Seu pensamento está na paz que consegue sentir quando está ali, longe de tudo e de todos, e em como naquele instante ele consegue pertencer somente a si mesmo. O outro homem está ali pela primeira vez. Nunca havia ido à praia. Lhe disseram que ele teria que beber um pouco da água pra ver se é salgada mesmo, furar uma onda, caminhar na areia de manhã, deixar uma criança lhe cobrir o corpo todo com areia e sentar o mais próximo do mar possível para ficar olhando, enquanto a água lhe molha os pés. Depois de cumprir todas as outras tarefas, ele está ali, vivendo essa última experiência que foi incumbido de vivenciar. Seu pensamento agora está em descobrir o prazer que tal atitude pode proporcionar. Ele quer ter uma experiência tão profunda quanto os que lhe enviaram à tarefa tiveram. O terceiro dos quatro homens sentou ali ainda com o celular na mão. Alguma criança que furava uma onda gritou qualquer coisa que chamou-lhe à atenção. Ele esqueceu o celular e fitou o mar. Havia passado a manhã toda enviando e recebendo mensagens e, quando não, relendo as mensagens passadas. A viagem era pra ser em família, mas sua esposa decidiu não ir mais. Na verdade, ela decidiu que não queria ir a mais nenhuma viagem e nem mais dividir a vida com ele. Era um pedido de divórcio, que inclusive ainda estava em sua bolsa para reler e assinar. Seu pensamento estava em como sua vida pôde desabar daquele jeito. Ele tinha tudo e, de repente, não tinha mais nada... E por fim, um último homem sentado da mesma forma, observando o mar, enquanto seus filhos brincam nas ondas, sob vigilância da sua esposa. E seu pensamento: "Nossa! Eu não acredito que estamos em um lugar como esse e eu não tenho uma maldita câmera pra registrar esse momento. Por que não comprei um celular melhor? Mas que droga, também. Vai ser quebrado assim na vida? Demora anos pra vir e quando vem, não tem uma câmera...". 

O cenário era o mesmo. O foco do olhar era o mesmo, era o mar. Mas os pensamentos passeavam por áreas distintas e por sentimento distintos. Naquele momento, cada um relembrou o que era importante e que lhe dava alegria, mas um jamais poderia compreender ou vivenciar o sentimento do outro e nem lhe reduzir a importância.

Como então lidar com o julgamento dos outros, ou com os conselhos que nunca acabam? Acredito que nunca deixaremos de ser julgados. Pode ser que consigamos fazer com que parem de nos dizer o que estão pensando sobre nós, mas esse não será o fim do julgamento. Da mesma forma, podemos pedir às pessoas que nos aconselham a deixarem de fazer isso, mas por mais que diminua, estamos em sociedade e até os pedintes que falam conosco no sinaleiro se metem a aconselhar. O desgaste de impedir o conselho pode ser maior que o ouvir. Rs...

Tenho aprendido que não podemos nos "boicotar". Sejamos sempre fieis à nossa essência. Sejamos livres para pensar e viver cada momento e sentir cada sentimento. E sejamos claros quanto a tudo o que decidirmos. Não precisamos nos justificar em todo o tempo, mas precisamos passar clareza e coerência se quisermos manter um bom relacionamento com as pessoas. Ser sinceros sempre, sem perdermos a delicadeza de nos importar com o impacto disso nos outros. Permanecermos diferentes, sem perder a graça da aceitação. E tenhamos a humildade de exercitar o autoconhecimento a fim de nos avaliarmos, nos julgarmos e nos aconselharmos - A NÓS MESMOS. Não deixemos que outros o façam por nós porque não nos conhecemos o suficiente para dizer com clareza ao mundo quem somos e do que gostamos e quais práticas nos incomodam. A assertividade está em pequenos atos e é um exercício constante que está lado ao lado com o autoconhecimento. 

Está em nossas mãos decidir se essas coisas que nos incomodam serão armas contra nossa saúde, se serão combustíveis para nos armarmos contra as outras pessoas, ou se serão o elemento de alavancagem da nossa aceitação e até mesmo admiração por parte de outros.

Será que ninguém me entende? Mas eu me entendo? Eu me conheço? Como posso ser assertivo levando as pessoas a me compreenderem melhor? São apenas algumas perguntas a nos fazer.

Quando eu conseguir responder a todas, meu jeito de ser será compreendido por todos. Assim, podem até não gostar, mas saberão de quem se trata, saberão que essa sou eu, saberão que não posso ser manipulada e que não adianta me testar, porque uma vez que aprendi, já não caio na mesma armadilha. E sabe o que é melhor do quer conseguir dizer claramente isso a outros? É conseguir dizer isso a si mesmo e se entender.
Falei muito hoje? Acho que sim, né? Rs... Mas foi por um bom motivo... Beijos, queridos. até a próxima!

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